Familia Macuxí


Estou na reunião dos Conselhos Locais de Saúde das regiões do Baixo Cotingo e da Raposa, ambas do município de Normandia. Cerca de 80 indígenas, homens e mulheres, conselheiros eleitos por suas aldeias estão ouvindo o secretário municipal de saúde. Diferente do que acontece em nossa sociedade, não há uma única conversa paralela e os olhos são só atenção. Após mais de meia hora o secretário para de falar e só então nós, que chegamos atrasados nos apresentamos um a um e formalmente. Chega o momento que todos esperam e muitos se inscrevem disciplinadamente para sabatinar o secretário. E não pensem que "índio quer apito". Índio quer saúde de qualidade e assistência digna com uso correto e supervisionado da (boa) verba que vem do governo federal. Além das reivindicações como a prestação de contas e problemas com a ambulância, algumas comunidades formalmente solicitaram que o secretário de saúde renunciasse, devido a problemas com os quais não concordavam.
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A concentração é total na reunião. Registram tudo e cobram mesmo.
1 comentário 11 julho, 2010

O Governador de Roraima e os índios enfeitados – Enfeites Yanomami


A festa está pronta, o governador já chegou, sendo recepcionado pelos Macuxi com a tradicional dança Parichara, em que todos dão o braço e andam juntos para a frente e para trás.
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O governador no meio das indígenas. Atenção no menino no colo da mãe da ponta… ele está com um “acesso venoso”… ou seja, está “internado” na Casai.
Os Yanomami vem correndo, gritando e balançando longas lanças ou seus arcos. Estão enfeitados para festa e este é um destaque especial. Os homens não se enfeitam tanto, pintam as pernas e um ou outro usa cocar.



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As mulheres se enfeitam com penas, se pintam, e também utilizam flores como brincos e como enfeites de cabelo. No rosto das mulheres vários piercings são preenchidos com pequenas varetas de bambu que dão um aspecto selvagem e exótico. A festa é animada. A maior parte dos indígenas pode não estar entendendo bem o que se passa, mas adora uma festa.




Detalhe dos enfeites.
1 comentário 2 julho, 2010
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Tratamento Tradicional: A sangria da aldeia

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O paciente apresenta uma úlcera (ferida) ligada a problemas de circulação (varizes). Para tratá-lo o rezador fez vários cortes com dente de cutia! Com isso o local sangra bastante, o pé desincha e a dor diminui!
1 comentário 24 junho, 2010




Posto de Gasolina e Oficina Autorizada Honda na Terra Indígena Raposa Serra do Sol

Pois é. Quando a gente não tem, tem que ser criativo, não é mesmo? Imagine morar longe de tudo, com estradas muitas vezes intransitáveis e dificuldade para acesso. McDonald´s? Postos BR? Nem pensar… então, tem que ser criativo.
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Vende-se Gasolina: Este é o posto!
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Oficina Autorizada da Honda!!! 
2 comentários 18 junho, 2010

Na Aldeia Flechal, conhecendo o comércio local

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Aos poucos vejo um grupo maior de casas que aumentam de tamanho a medida que baixamos de altitude e logo mostram a primeira aldeia Macuxi que visito.
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A tal da “criança grave”, na verdade não está tão mal assim, o que dá tranqüilidade, e aproveito para conversar um pouco com o Agente de Saúde, que me mostra o posto de saúde, a escola e… em meio as pouco mais de vinte casas, perdidas no meio da serra, uma “avenida comercial”. Lado a lado as casas anunciam com pinturas sobre o barro aparente: “TEMOS: café, trigo, açúcar, arroz, óleo de c., biscoito d. s.” na primeira; “se vende bombom, cigarros e chicletes. Se vende cerveja” na segunda, e “Restaurante.Armada”, em meio a pinturas tradicionais na terceira. Me dou conta que a pequena aldeia já tem seu mercadinho, bar e restaurante.
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Infelizmente não podia conhecer melhor o lugar. O avião já estava rodeado de crianças, que acenavam para nós na hora da despedida. A volta foi rápida, e não tão romântica. Estava de olho no pequeno paciente, e as serras mal se despediram de mim e logo já vi o rio Branco.
Agradeci mais uma vez. A Deus e a minha amiga Adelma, Secretária de Saúde, pois como diz a máxima chinesa: “Escolha um trabalho que você ama fazer, e assim não terá de trabalhar um único dia de sua vida”.
1 comentário 18 junho, 2010

O guerreiro e o caju

O pequeno guerreiro deve estar com muita vontade de derrubar um caju, pois mesmo sem roupa nem se abalou com os carapanãs e piuns!!!
caracarana (11)
Add comment 9 junho, 2010

Buscando a perfeição (?) na Fazenda Perfeição

Visito a Fazenda Perfeição, abandonada por seus antigos proprietários e hoje ocupada por uma família macuxi que cuida do gado.
A fazenda era modelo, grande, bonita, com grandes mangueiras que oferecem sombra generosa, inclusive para a pequena lápide onde repousa um anjo. Miladir, nosso motorista nos informa: “o fazendeiro sempre tinha uma mesa servida para convidados, com leite, pão, coalhada e bolo”.
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Hoje na entrada da casa o cheiro não é de bolo, mas da rês recém-abatida e me embrulha o estômago. Da cabeça, apoiada na parede, escorre sangue lambido por dois bacorinhos (filhotes de porco). A pele, jogada num canto, murcha e ainda com a cauda, parece – e é – uma veste recém-despida. Os cascos estão encostados em outra parede, o rumen, aberto, expõe a última alimentação e as tripas, em uma bacia, alimentam as moscas. O animal está dividido, mas seu cheiro espalhado por todos os lugares. Respiro raso (impossível respirar fundo) e rezo. Atendo o paciente com toda atenção possível. Na varanda, deitados pelo chão e pelas poucas cadeiras, os indígenas se espalham. Chega uma gestante, pés no chão e dentes pretos, olhar felino pintado como em Caminho das Índias. Sou visto com indiferença, mas tendo absorver cada detalhe da cena da Fazenda Perfeição.
O que pensar? Não sei até agora. Não faço julgamentos, não sou juiz. Só sei que é assim. E assim vivem.
Normandia 04 10 (97)
Add comment 20 maio, 2010

Comunidade Nova Geração: Normandia

Fomos conhecer a comunidade Nova Geração e chegamos ao final do culto. O professor da comunidade prestava contas em Macuxi das ações realizadas e apresentava o plano pedagógico, sob grande atenção. Havia grande alegria por haver transporte escolar e o grande desafio agora é construir uma escola nova, mais adequada aos cerca de 70 alunos. A comunidade discutiu ainda quais as datas marcantes que devem entrar no calendário escolar: Dia do Índio, celebração da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Dia das Crianças, Colheita do Milho, Dia das Mães, Colheita da Melancia foram algumas das datas lembradas. Nossa presença alterou a rotina da comunidade, que discutiu conosco as melhoras que poderiam haver na prestação de serviços de saúde. Depois de atendermos algumas pessoas que necessitavam consulta foi servido um inesperado e saboroso almoço: galinha caipira, arroz, farinha e suco. Tudo com uma simplicidade tão grande como a própria comunidade, mas ao mesmo tempo com um calor humano tão grande que tornou o sabor tão especial quanto de um restaurante cinco estrelas.
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Nosso motorista Miladir e o Técnico Genival aproveitando a recepção calorosa na nova Geração.
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Nosso carro na comunidade.
Add comment 14 maio, 2010

Primeiras impressões de Normandia

Normandia. Nome francês para uma região bem brasileira. Aqui neste pequeno município de cerca de 7000 pessoas, totalmente encravado dentro da área da Raposa Serra do Sol passarei dez dias visitando diferentes comunidades. Não vou encontrar indígenas “bonitos para foto” como gostam os amigos do Sul. Os Macuxi com quem irei conviver tem escolas de ensino médio em suas comunidades (professores indígenas), assistem as novelas da Globo, sonham em ter carros, exatamente como eu e você. Mas ao mesmo tempo tem medo do canaimé, acham normal as crianças de 3 anos tomarem banho de rio sozinhas, cozinham com lenha dentro da casa de um único cômodo onde todos dormem em redes e se preocupam se o diesel vai dar até o final do mês para não ficarem sem a luz noturna – e a televisão!!, bem diferente de mim e de você.

Este é o rio Tacutu. Depois dele a gente entra na…
RAPOSA SERRA DO SOL!
1 comentário 22 abril, 2010

Imagens Aéreas de Roraima – 3

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Este é o foco da discórdia. No meio do lavrado… plantações de arroz. Esta é parte da terra indígena em disputa.
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 Vales repletos de rios dominam a paisagem.
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Vista da serra. O caminho de drenagem é nítido, com a vegetação mais escura.
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Uma pequena aldeia Macuxi.
Add comment 9 fevereiro, 2009

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